sábado, 10 de dezembro de 2011

Curta Maracatu atômico - Kaosnavial será exibido hoje em Tracunhaém



Antes de Chico Science, havia Jorge Mautner e os tropicalistas. É nessa fonte primeira que se sustenta o Kaosnavial, projeto cujo mais recente produto é o documentário Maracatu Atômico - Kaosnavial, que será lançado hoje, às 20h, abrindo a programação do Festival Canavial em Tracunhaém, com a presença do compositor. Amanhã é a vez de João Pessoa assistir ao curta, dirigido por Marcelo Pedroso (Pacific) e Afonso Oliveira.

O primeiro encontro entre Mautner e Zé Duda, mestre do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, aconteceu em 2006. Mautner nunca havia visto um maracatu rural em seu habitat, a Zona da Mata Norte. Ficou sem palavras quando, em meio a seu show em Nazaré da Mata, foi pego de surpresa com um “ataque” do Estrela de Ouro, que cruzou o palco várias vezes. Em 2009, o produtor Afonso Oliveira propôs ao compositor e seu parceiro, Nelson Jacobina, a criação da trilogia Kaosnavial, que rendeu um álbum e uma turnê-espetáculo. Agora, chega o filme, que até o carnaval será lançado em box CD/DVD.

O curta de Afonso e Pedroso abre com uma forte sequência em que um brincante da região fuma um cachimbo, em transe, em meio a uma queimada de cana-de-açúcar. Do belo e trágico cenário que se repete há séculos, corta para o casarão de Aliança, sede do maracatu e outras manifestações tradicionais como o caboclinho, coco, cavalo-marinho. O filme acompanha Zé Duda e Mautner, que, quando veste a gola de lantejoulas, transforma-se em “Jorge Malta”, como Zé Duda o rebatizou. “Parece que o conheço há cem anos, esse camarada”, diz o mestre.

Em programa de rádio local, Mautner explica sua filosofia do caos como um amálgama da cultura brasileira e conta que a babá que a criou era filha de santo. Ela dizia que seus pais tiveram vida cruel (foram perseguidos pelo nazismo). “Mas aqui encontraria irmãos”, disse.

Cinema - Afonso reuniu no curta-metragem os espaços em que os projetos se desenvolvem na Mata Norte, além do processo de criação do Kaosnavial. Em 2010, ele convidou Marcelo Pedroso para co-dirigir o curta. Foi quando começaram a discutir roteiro e formas de apresentar os artistas.

“A ideia sempre foi de um filme com estrutura simples, equipe pequena para preservar a atmosfera do lugar e das pessoas”, diz Pedroso. “Afonso é pilhado, tem muita energia e centenas de ideias por minuto. Então, a questão era encontrar um ponto de equilíbrio que desse conta de toda a vivência e o olhar que ele tem sobre a cultura da Zona da Mata”.

Além do filme, o Festival Canavial leva a Tracunhaém, neste sábado, as seguintes atrações: Moisés Lins e a Ciranda Alinhando Pensamentos; Santino e a Ciranda Popular; Biu Passinho e a Ciranda Pernambucana; Quinteto Violado; João Limoeiro e a Ciranda Brasileira; e Homem de Barro.

(Diario de Pernambuco, 10/12/2011)

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