sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Tudo a seu tempo



Ao narrar a amizade entre seres humanos e um animal, Steven Spielberg resgata um tema tão clássico quanto a estética por ele adotada para esta nova produção. Como mestre da narrativa norte-americana, ele age com a certeza de que o formato é tão importante quanto a história em si. Sua filmografia é dividida entre aventuras, ficção-científica e dramas. Em comum, o forte apelo às emoções.

É o caso de Cavalo de guerra (War horse, EUA 2011), em que o protagonista é o próprio cavalo, sem que haja nada de ridículo nisso. Ao contrário, Joey é um animal admirável, forte, que desperta fascínio em quem dele se aproximar.

O pano de fundo, a primeira guerra, é terreno fértil para Spielberg, que reconstitui trincheiras e frentes de guerra com a mesma competência com que constrói as belas cenas das pradarias britânicas nas quais nasceu Joey, criado por Albert (Jeremy Irvine), filho único do frágil núcleo familiar que mobiliza o início do filme, marcado pela luz artificial e grãos saturados pelo padrão Technicolor dos filmes antigos.

Bêbado e doente, o pai (Peter Mullan) compra Joey em leilão e quase vai à falência, não fosse a força da mãe (Emily Watson) e Joey aprender a puxar o arado. Vendido às forças da Rainha, o animal tem pela frente uma jornada odisseica, em que os humanos são coadjuvantes.

Sequências de ação são magníficas. Além da conhecida moral spielberguiana, em defesa de valores tradicionais e familiares, é um claro reeditar de um filme à moda antiga - sem a usual pressa dos produtos de multiplex e, em plena era digital, com imagens 100% artesanais. É quase um acinte, não fosse Spielberg um dos principais criadores do cinema contemporâneo.

(Diario de Pernambuco, 06/01/2012)

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