terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Som ao Redor em Roterdã - repercussão



Único filme brasileiro a ser premiado do 41º Festival de Roterdã (Holanda), O som ao redor, primeiro longa de ficção de Kleber Mendonça Filho, inicia a carreira com o pé direito. Ano passado, o filme não foi aceito pelo Festival de Brasília, no que parece ter sido um erro histórico para um evento que sempre acolheu e premiou o cineasta. Na última sexta, o filme foi eleito o melhor de Roterdã pela Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica - Fipresci, por “evocar uma atmosfera de paranoia e ameaça através do uso altamente ambicioso de fotografia e som”.

“Uma estreia ousada e promissora”, escreveu o crítico paulista Thiago Stivalleti, um dos responsáveis pela seleção da próxima Mostra de São Paulo. O crítico Jay Weissberg, da revista norte-americana Variety, fez elogios rasgados a Kleber: “um cineasta excepcionalmente talentoso, que sabe exatamente o que está fazendo e por quê o faz”. Sobre o filme, ele diz ser “um poderoso e sutil raio x da sociedade brasileira contemporânea (…) soberbamente construído, com hábeis atuações e lindamente fotografado (…) um exemplo de filme brasileiro que não precisa de um pé na favela para ganhar força no mercado internacional”.

Com atuações de Irandhir Santos, Gustavo Jahn e Maeve Jinkings, O som ao redor se passa numa rua de Setúbal, bairro da Zona Sul recifense onde mora o diretor. De acordo com material de divulgação do filme, moradores preocupados com a segurança contratam milícia que traz tranqulidade para alguns e tensão para outros.

“Juntei amigos e fiz o filme de maneira não tão diferente do que já estava habituado, exceto no quesito estrutura, pois esse é o meu filme mais caro até hoje”, diz Kleber, de Bourdeaux, onde passa férias. O orçamento de quase R$ 2 milhões foi captado via Ministério da Cultura, governo de Pernambuco, Petrobras e Fundo Hubert Bals, mantido pelo Festival de Roterdã.

Do ponto de vista prático, o prêmio da Fipresci deve abrir portas para o filme. “Críticos exercem o amor pelo cinema não apenas escrevendo, mas organizando mostras, festivais”, diz Kleber. Até o momento, são 28 convites para novas exibições. A próxima, diz Kleber, deve ser em Varsóvia (Polônia). “Há alguns apectos do chamado ‘cinema de gênero’ que parece ter batido bem. Tudo o que eu temia na minha visão do filme terminou revelando-se algo positivo”.

Ainda não há nada definido para uma sessão nacional de O som ao redor, que deve acontecer ainda este ano.

Saiba mais

As filmagens de O som ao redor foram feitas em seis semanas e quatro dias, entre julho e agosto de 2010; a montagem, assinada por Kleber e João Maria, levou um ano e dois meses para ficar pronta. O corte final de é de 131 minutos.

A trilha sonora é de DJ Dolores; a fotografia, de Pedro Sotero e Fabricio Tadeu; a direção de arte, de Juliano Dornelles.

Kleber Mendonça dirigiu diversos curtas, entre eles Enjaulado (1997) e Recife frio (2009). Alguns de seus filmes podem ser assistidos pelo site www.vimeo.com/cinemascopio

(Diario de Pernambuco, 07/02/2012)

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