quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sem fronteiras para a arte



De hoje a 9 de março, entra em cartaz no Centro Cultural Correios (CCC, no Recife Antigo), a exposição Partido gráfico, com trabalhos inéditos de João Lin, Mascaro, Fernando Duarte e Paulo Régis. O evento também marca o lançamento de um coletivo formado pelos artistas, de estilos e temática diferentes, com a intenção de borrar a fronteira entre artes plásticas e gráficas.

Nesse sentido, a galeria talvez seja o lugar ideal para esse encontro. Montada no terceiro andar do centro cultural, cada artista ocupa uma das paredes do salão. “Consegui pauta para uma exposição individual, mas resolvi convidar Mascaro, Lin e Fernando”, conta Régis, que apresenta uma série de 30 bigornas, objeto popularmente conhecido como pé de ferro. O artista usa diferentes técnicas: grafite, litogravura e recorte, inspirado em cartomas de Aloísio Magalhães.

Editor de arte do Diario e co-fundador da revista Ragu, Mascaro traz em seus desenhos a influência da ilustração editorial e da história em quadrinhos. No entanto, eles foram feitos com uma liberdade que não lhe é permitida no exercício profissional. Alguns deles já foram publicados na seção Um Desenho, do Viver, e traduzem o estado de espírito urbano, moldado pela realidade social. “É um trabalho que fiz por prazer. Para, antes de tudo, me satisfazer, divertir e como forma de relaxar da formatação do universo editorial”.

O trabalho de Fernando Duarte, com quem Régis já tinha dialogado em longínqua exposição nos Correios da Av. Guararapes, e João e Mascaro na coleção Olho de bolso, editado pela Livrinho de Papel Finíssimo, chama a atenção tanto pela forma - três rolos de papel vegetal estendidos horizontalmente por uma parede de 15 metros - quanto pela impactante série de 30 personagens pintados em nanquim, com interferências de carimbos e poemas escritos à mão.

Divididos em pequenos quadros, os 24 personagens de João Lin apontam para o talento do artista em desenvolver marca própria e cada vez mais refinada, arriscando definir, um “zen-cubismo”, baseado em linhas geométricas e ilusões de ótica que brincam com a profundidade, dimensões e cores. Cada personagem pode ser “lido” em pequenos quadros, por sua vez habitados por outros personagens ou labirintos. “Descobri uma influência não-consciente de um painel feito por Lula Cardoso Ayres para o Cinema São Luiz, onde fui pela primeira vez quando tinha nove anos. Assim como do tratamento geométrico e de paleta de cores de Luiz Notari, com quem tive aulas de pintura”, conta Lin.

Haverá uma continuidade para o Partido Gráfico? Mascaro diz que pode acontecer. “Desta vez, estamos nos apresentando individualmente. Numa próxima talvez tenha outro elo, com um tema ou gancho específico”.

(Diario de Pernambuco, 01/02/2012)

Nenhum comentário: